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é mesmo uma questão de associação. ligar o preto com o branco, bloquistas com a juventude popular, fc porto com benfica, vodafone com a tmn, e descobrir que elvis, afinal, está vivo e desfruta de um tê-dois na praia da vagueira. faça o favor de limpar os pés antes de entrar, que a empregada da limpeza saiu para o ministério das finanças. livro amarelo: molin@aeiou.pt - aceitam-se insultos

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sábado, maio 03, 2003

 
Uma direita aplicada com a esquerda

Não leio e muito menos compro o «O Diabo», mas num deste dias, a fazer uma revista de imprensa, apareceu-me um artigo de opinião assinado por João Coito, e que estava intitulado de «Nas brumas de Abril...». Despertou-me a atenção pelo título, porque já estava a imaginar o conteúdo, vindo de quem vinha e publicado onde estava, se bem que isso, nos dias que correm, pouco
interessa. Não deveria interessar não fossem os argumentos apresentados por tal articulista, um ultra-direitista dos velhos tempos e que, segundo pude apurar, pertencia ao aparelho marcelista ainda antes do 25 fatídico. Gostaria de perguntar a João Coito se, antes de 1974 os seus «camaradas» do Diário de Notícias tinha amesma liberdade de expressão que o mesmo usou para escrever o artigo em questão e se alguns desses «camaradas» dizia abertamente que era assumidamente de esquerda, sem que tivesseo o seu
cadastro completo na PIDE.

Mas isto até acaba por ser uma questão de pormenor no conteúdo do escrito. Primeiro mostrou-se admirado com a lista dos 15 administradores da PT Multimédia e dos milhões de euros que cada um deve levar para casa e do domínio que esta sub-holding da companhia dos telefones comprados por Salazar aos ingleses tem nos títulos da imprensa desportiva. Todos não, excepto O Diabo que resiste ao poder da invasão da PT (que sem graça associa às iniciais de País da Tanga), lamento-se que não é política nem socialmente correcto uma colagem à direita quando há uma coligação desta natureza no Governo. Estaria o nosso colunista triste por não ver o jornal para que escreve sob a alçada dos milhões dos telefones ou triste por não ver uma publicidade às novas SMS da rede fixa ao lado da sua crónica?

Coito reparou ainda, com tristeza, que o jornal a que deu o melhor, com outros «camaradas» estar em 3º ou em 4º lugar entre os diários de referência e que triste continua por ver que nunca mais atinge os 200 mil exemplares que no seu tempo atiravam para a rua. Oh meu caro amigo, se nem o Expresso o consegue, acha que o moribundo DN o vai conseguir? Olhe, e mais lhe digo: os
seus ex-«camaradas» que não se ponham a toques ou o centenário título «Diário de Notícias» ainda vai a leilão pela melhor oferta! Quem viver...verá. Lamento é que em vez de ficar triste com o declínio do seu DN não fique, igualmente, triste por ver que é o 24 Horas que mais cresce nas tiragens e que até o «Correio da Manhã» já apanhou o vírus atípico, que julgava só ser possível ver nas páginas de «O Crime».

Dizem ainda que quanto mais tempo vivemos, mais nos convencemos que Portugal é a terra dos três efes. Sinceramente, aqui não cheguei a perceber se o afirma com saudosismo ou se é por ironia. Isto por causa do encontro entre os dois Papas (o do Porto e o de Roma) e o prémio da BBC a Mariza – aqui creio ser genuíno o reconhecimento.

Mas a cereja do bolo veio nas comemorações do 25 de Abril, provavelmente de má memória pessoal, quando viu os responsáveis políticos a cantar «A Portuguesa», momento em que pensou que estivessem todos a mentir, já que ninguém sentiu a voz da Pátria, dos egrégios avós...diz ele que tal se perdeu nas brumas de um Abril há 29 anos atrás. Só faltava agora os chorosos salazarentos quererm vir dar liçoes de patriotismo e reconhecimento histórico dos antepassados aos políticos actuais, mais concretamente aos
homens de esquerda. Não se preocupe caro João, quando o seu «camarada» Portas conseguir por o hino a ser cantado nas escolas públicas, vocês será o maestro, remunerado pela mesma folha de vencimentos dos administradores da PT Multimédia. E com direito a intervalo, patrocinado pela TMN ! ! !

Como toque final, respondeu, à sua maneira, a uma pergunta feita por um jovem na televisão: «que seria hoje Portugal se não tivesse havido o 25 de Abril?». Diz, brilhantemente, que «a resposta deve ser meditada e respondida sem demagogia: em 1974 estavamos, economicamente, à frente da Espanha, da Grécia, da Finlândia, da Áustria e da Irlanda. A não ter havido revolução,
certamente que teria acontecido evolução...» Pois claro, está-se mesmo a ver: com certeza até nos podíamos de dar ao luxo do escudo, à semelhança do libra esterlina, ficar de fora da fusão do euro; estaríamos ao lado do Reino Unido a ajudar os Estados Unidos a combater as forças do mal e os comunas, a Nokia estava instalada em Vila Praia de Âncora, a Intel montava estaminé no
Fundão, os espanhóis compravam todos a sua roupa na maior cadeia de lojas de pronto a vestir da Peninsula Ibérica chamada Lanidor, e vendiam-se mais jipes UMM na Europa do que pão quente no Algarve em Agosto. O «seu» DN aumentava a tiragem para 300 mil exemplares e para seu grande gáudio, ainda pagávamos a factura do telefone aos TLP e não havia pobres por ser proibida,
por decreto, a mendicidade. Evoluir é sempre bom, quando há uma base de sustentação que permita crescer com segurança e fiabilidade. Evoluir de um regime como o que V. Ex.cia. deu cobro e apadrinhou era mesma coisa que reconstruir uma casa no centro histórico de Roterdão: por causa das estacas podres assentes na água, o preço é de tal forma elevado que mais vale mudar...de país.



quarta-feira, abril 30, 2003

 
Um Rei em Bagdade

Enquanto esperei na fila das Finanças para entregar a minha declaração de IRS (foi mesmo à justa...) estive a entreter-me com a crónica diária do Eduardo Prado Coelho - entre outros artigos, porque a fila era tipicamente do último dia... - e não consegui conter o riso pela forma eloquente como EPC pura e simplesmente arrasou o enviado especial do Diário de Notícias à capital iraquiana, no pós-conflito. Diria que a sua pena viperina deixou o crédito do jovem repórter pelas ruas da amargura, pior do que qualquer edifício estatal e conotado com o regime de Saddam, que as forças de coligação fizeram o favor, às empresas de construção civil norte-americanas e britânicas, de destruir.

O caso não é para muito menos. Então não é que o rapazinho em questão, Ribeiro Ferreira de seu nome, não se amandou para um «diário de bordo», da sua passagem pela cidade das mil e uma noites? Que mal tem isso, perguntaram vocês? Vejam a eloquência do escrito e depois digam se, às vezes, não vale a pena cuspir um veneno cá para fora?!?! (inimizades à parte, é claro...)

P.S. Não esqueci do Coito

 
Grande investimento brasileiro em Bragança

Antes de mais, as minhas desculpas pela mudança de assunto, mas prometo voltar ao facho do Coito em outros carnavais.
É que não posso deixar passar em claro o grito de revolta das «Mães de Bragança», que decidiram saltar para a rua em protesto à crescente «onde de loucura» que se vive naquele cidade do Nordeste transmontano. Outras mulheres (provavelmente também do Nordeste, mas brasileiro) estão a dar a volta à cabeça aos brigantinos. Esta nova vaga de emigrantes vem demonstrar o já previsto retrocesso das antigas viagens ao Brasil em «negócios» de empresários portugueses, não acompanhados das respectivas, para transacções escaldantes. É que um vendedor de banha-da-cobra chamado Militão assustou a freguesia e muitas dessas deslocações em trabalho tiveram de ser adiadas ad eternum. Militão teve o mesmo efeito no Brasil que a pneumonia atípica na Ásia: é melhor deixar passar o vírus que um dia deste volta tudo ao normal. O problema é que a vida já era dura do outro lado do Atlântico, agravada com este contratempo. Havia que inverter a tendência, pensaram as trabalhadoras brasileiras: já que Maomé não vem às montanhas, vão as montanhas a Maomé. E assim foi. Sebastião Salgado não perdeu a oportunidade e captou na sua Leica esse gigantesco movimento migratório de sexo-de-obra das dunas e areias brasileiras directamente para as oliveiras aTrás dos Montes. Não mais as horas de lazer foram o mesmo em Bragança.

Um grupo de "mães" de Bragança pôs a correr um abaixo-assinado pedindo às autoridades ajuda para "salvar" a cidade de "uma onda de loucura" provocada por imigrantes brasileiras alegadamente ligadas à prostituição. Cerca de um centena de pessoas já subscreveram o documento da autoria de quatro mulheres que se auto-intitulam "Mães de Bragança", embora seja essencialmente do seu papel de esposa e não de mãe que mais se queixam.

De um dia para o outro - afirmam - deixou de entrar dinheiro, os maridos passaram a dormir fora de casa, começaram os maus tratos, as dívidas a acumularam-se e o património que tinham a desaparecer. Para estas mulheres a causa de tudo são "as prostitutas brasileiras que nos últimos tempos invadiram a cidade e deram a volta à cabeça dos maridos".

É a verdadeira lei da oferta e da procura, num mercado altamente selvagem onde nem as próprias entidades reguladores conseguem ter mão no fluxo de mercadoria.



terça-feira, abril 29, 2003

 
Follow the lambs...que é como quem diz seguir a carneirada

Caros desconhecidos e conhecidos:

Porque não seguir as tendências da moda da rede global, tal como fazemos quando entramos na Zara ou em qualquer loja de prêt-à-porter? Mas há alguém que se dê ao luxo, nos tempos que correm, de visitar um alfaiate ou uma costureira e fazer roupa à medida? As minhas desculpas pelo abuso, mas adianto desde já a resposta a esta simples pergunta: ninguém tem tempo e, muito menos, pachorra para estar sujeito a picadelas de alfinete e esperar mais do que 10 minutos pela roupa - e 600 segundos é já a contar com aquelas (e aqueles) que adoram ver montras e só em cima da hora decidem o que comprar.

Por isso, correndo o risco de ter as mesmas ideias que todos os outros utilizadores da blogosfera - existem as mesmas possibilidades de tal acontecer como cruzar-me na rua com um rapazinho qualquer com uma camisola igual à minha, comprada na Pull & Bear -, espero que fiquem aqui descritas livres associações de ideias resultantes de um espírito crítico marcadamente evoluído por uma filosofia de chico-espertismo nacional. Bem daquele género: Bakunine? Eh pá, só com duas bolas de baunilha e sem cobertura de chocolate! Temos que mostrar ao Durão que a malta é tesa pá...o gajo manda a Manela fazer figura de má, mas ele a nós não nos engana. Como é que o gajo quer receber 19% do IVA se a gente já os 17 não paga? Oh Banessa...telefona aí prá Cosmos a marcar o meu lugar na final de Sevilha, que este ano papamos tudo. Até os comemos! Não há lagarto nem lampião que nos apanhe. É como o foguete sete colinas...sempre a abrir. Ai, tss, desculpem...agora já temos o Intercidades. Pendular? É por isso que a CP só dá prejuízo: nunca 'tão contentes com o que têm...parecem catraios a brincar c'as pistas.

O livro amarelo pode ser acedido através do endereço de correio-e - gosto munto desta expressão - molin@aeiou.pt e como em qualquer regime democrático será alvo de leitura prévia e levado a conselho de redacção para saber se o material constante da mensagem é publicável ou não.

Cenas do próximo episódio:
Para ser sincero, não sei porque tanta gente se irritou quando Alçada Baptista defendeu outra letra para o Hino Nacional. No dia 25 [de Abril] quando ouvi alguns deputados, o Governo e o Presidente da República a cantar as estrofes Entre as brumas da memória / ó Pátria sente-se a voz /dos teus egrégios avós , eu pensei que estavam todos a mentir... Ninguém ouviu essa voz... Perdeu-se nas brumas dum Abril de há 29 anos...in crónica de João Coito, Jornal «O Diabo»





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