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terça-feira, junho 03, 2003

 
Com a verdade nos divertes...

Confesso que fiquei com alguma curiosidade em ver o programa do Herman José, de domingo à noite, depois de uma semana de inegáveis emoções fortes. O apoio ao maior humorista nacional foi, na minha opinião, algo superficial e até, em alguns casos, encapotado. E assim o considero, porque na página de opinião pessoal que Herman José tem naquele diário, surgiu um rol de agradecimentos a todos aqueles que lhe expressaram solidariedade, agradecimento público que o visado quis personalizar. Acontece que o 24 Horas decidiu, e até muito bem «esgalhado» - expressão comum na gíria jornalística -, colocar na página ao lado as reacções aoas agradecimentos pessoais de Herman José e alguns não deixam de ser curiosos, por manifestarem algum admiração e surpresa pela atitude do humorista. O único caso que me lembro, assim, de momento é o de Júlio Magalhães, pivot da TVI, que afirmou não compreender o porquê de tal agradecimento. Eu fiquei sem saber foi a razão da admiração do Juca, uma vez que se manifestou apoio ao homem em causa, então seria da mais natural fineza Herman José retribuir.

Mas este nem é o assunto principal. Esta eu a dizer que fiquei com curiosidade em ver o programa e quando liguei já estavam a entrar as noivas de Santo António. A performance do apresentador foi excepcional. Penso que se tinham dúvidas, aí ficaram todas dissipadas: é mesmo um profissional. Por entre uma eventual artificialidade - ou se calhar foram os mesmos olhos que estavam já preparados para tal... - notei que a comédia é, de facto, algo inato. E Herman nasceu com piada.

Só que, pelos vistos, não assisti à melhor parte. Qual não é o meu espanto quando, na edição do Público de hoje, na secção do «Diz-se» [coluna da esquerda na página 8 do "Espaço Público] vejo que a última citação pertence a Herman José, na abertura do seu programa de domingo, dia 1 de Junho. E comecei a ver um filme. Depois da ovação inicial do público presente, a bater palmas à entrada do apresentador no seu programa, Herman José vira-se para a plateia e começa por dizer: «Srs. telespectadores, não acreditem nisto. Cada um recebeu 15 contos para fingir que gosta de mim. É um barrete. É uma aldrabice. Os escuteiros abaixo dos 14 [anos] receberam 70 contos» (esta foi a citação). E fiquei a imaginar os presentes a dar uma gargalhada à piada perversa com que Herman tinha acabado de brindar o seu público como boas-vindas. E agora ficamos nós a pensar, como meros mortais e conhecedores da verdade televisiva, será que era humor - mesmo que negro - ou estava ele a divertir-se com a sua própria infelicidade? Foi e é humorista até ao fim ou presenteou tudo e todos com uma sublime e cruel tirada, só para alguns perceberem, num estilo de private joke revelada para milhões de indecisos portugueses?

Sim, porque por muito que se acredite na sua inocência, não deixca de estar indiciado num escândalo sexual com menores, seja ele referente ao caso Casa Pia ou não. Toda a gente é inocente até o tribunal sentenciar o contrário. Mas todos sabemos que há absolvições e absolvições. Há absolvições por ser declarado inocente o réu e há absolvições por não haver provas incriminatórias suficientes que possam provar os factos ocorridos. Não incluo Herman José, nem qualquer um dos outros acusados, em nenhum dos dois grupos atrás referidos. Assim como também não os incluo na lista dos condenados. Mas tenho de concordar com o guarda-rede Ricardo, do Boavista - até parece impossível um jogador de futebol ser referenciado, mas a simplicidade das suas declarações são, para mim, um exemplo - quando questionado sobre o facto de Herman José ser culpado, ou não, neste caso: «eu espero bem que não, mas se for que seja severamente punido».

Assim seja.





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