HOME
ARCHIVES
é mesmo uma questão de associação. ligar o preto com o branco, bloquistas com a juventude popular, fc porto com benfica, vodafone com a tmn, e descobrir que elvis, afinal, está vivo e desfruta de um tê-dois na praia da vagueira. faça o favor de limpar os pés antes de entrar, que a empregada da limpeza saiu para o ministério das finanças.
livro amarelo: molin@aeiou.pt - aceitam-se insultos
Blogs diários RECOMENDADOS
Eduardo
Fata Morgana
GreenShadow
Thita
Titas
Vodka7
|
|
sábado, setembro 27, 2003
Coração apertado e desapertado num só segundo
Já paraste para pensar um bocadinho no que vais fazer? Tens a coragem de, num momento crucial como este, ir de férias um mês inteiro? Uma semana não te chegava? Quinze diazitos, no máximo? Cruel! Desumano! Insensibilidade! Pegaste no meu peito, ataste-lhe um cinto e disseste-me como as enfermeiras do serviço de Raio-X: NÃO RESPIRE! Vais passear e eu vou ficar a suster a respiração durante este tempo todo, até ficar azul (em dois tons de azul), de tanto aguentar a tua ausência, sinónimo de nada, o contrário da tua presença, significado de tudo. E agora, diz-me, que vou eu fazer sabendo-te ainda mais longe do que é normal? Bonito, não é?
No meio destes meus pensamentos todos, salteados com alguns momentos de frustração e raiva, eis que me dizes tu, baixinho, como quem chama a razão de alguém pela maneira mais terna que pode existir: «Meu querido. Pensa bem, eu não te deixo sozinho. Nem podia. Deixo-te, como já te deixei há algum tempo, o mais importante de mim. Fico tão longe dos dois como perto, por estarmos sempre a pensar na mesma coisa, de maneiras diferentes e intensidade iguais. Nâo há que lamentar nada, pois nada estará perdido. Além disso, há melhor momento na vida do que o regresso depois de uma ausência sentida? Vá lá, não resmungues sem razão e toma tu conta de quem tens de tomar enquanto eu não volto. As saudades servem para aproximar o que a distância tenta separar. Tenta, mas não consegue».
Ponho a cabeça de lado, entre as mãos com os dedos entrelaçados, e ouço o meu golfinho a segredar-me...podes respirar...solta-se-me o cinto no peito e num abrir e fechar de olhos já é sexta-feira, no Parque de Campismo em Aveiro. Está nevoeiro, toca a ronca para avisar os navios da entrada balizada por dois pontões. A nossa conversa é iluminada intermitentemente pelo farol, que lá no alto reflecte a luz nos espelhos mágicos, que dobram e triplicam o poder das lâmpadas. Quem me dera a mim ter espelhos desses para ver o que quero todos os dias. Já matava bem as saudades, que para além de as sentir, não as consigo esquecer.
Boa viagem
Diverte-te
Não demores
posted by molin
6:05 da tarde
quarta-feira, setembro 24, 2003
Requiem ao hino
Não tem muito a ver, mas quando ouvi fiquei a pensar. No jogo de Portugal com o Azerbaijão, em Futsal, levei com o hino da ex-república soviética e pensei cá para comigo: «mais um sem pés nem cabeça».
Bem vos digo que o hino azeri é lindíssimo e até parece uma área do Requiem do Mozart, estilo o Rex Tremedae, embora goste mais do andamento sobressaltado do Confutatis ou da triste ternura do Lacrimosa. Confesso-me um leigo nesta matéria - de música clássica - mas tenho um opinião crítica muito popular, do habitual «gosto e não gosto». E não consigo dissociar o Requiem ao filme do Milos Forman, Amadeus, e da exasperante tarefa que o prodígio teve que passar para acabar a obra...que não acabou! Morreu entretanto. Uma pena.
Mas isto a talhe de foice do hino do Azerbaijão, com a rapaziada toda a cantar o hino de mão no peito e virados para a bandeira - quando um colega meu de profissão pergunta se estão virados para Meca... -, num emocionante sinal de patriotismo. E ouviam-se a cantar. O que já não aconteceu com os jogadores portugueses, nem ajudados pelas duas centenas de pessoas que estavam na Nave de Espinho prontas para ver a pobreza de jogo que acabou por ser.
E deixou-me a pensar: terão os azeris uma voz mais forte ou não saberão os portugueses cantar o seu próprio hino?
Imaginei logo ali o entalado do Portas a dar uma de Diácono Remédios, a mandar para o cd e a pregar um bom sermão aos portugas que ali estavam. Aposto que se fosse o último êxito da Ágata, a malta já gritava a uma só voz. Se Mozart fosse vivo, diria para que se pagasse ao austríaco para fazer um novo hino para Portugal. Mas tinham que lhe pagar adiantado. Não fosse acontecer como na célebre ópera dos Descobrimentos, encomendada ao Philip Glass, pelo actual presidente da C. M. Lisboa, e que nunca se chegou a ver ponta do produto. Foi mais giro trazer a Christane Torloni para interpretar uma peça, que por acaso cheguei a ir ver ao Teatro de S. João. Achei muito bom mas foi a parte em que em pleno acto de representação, ela pára e manda chamar os seguranças para expulsar um bêbado que estava sempre a repetir o que ela dizia. Hilariante.
Mas tudo por causa do hino do Azerbaijão. Por aqui se vê que não sou nada metódico. Ou que facilmente me perco...
Mas até para esta situação, eu estou aqui a lembrar-me duma música do Farinelli português, mais conhecido como Nuno Guerreiro, e cuja letra começa assim...
Ao Sul
À procura do meu Norte
posted by molin
5:12 da tarde
«Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para que seja feliz quando as contempla(...) Mas se o carneiro come a flor, é para ele, bruscamente, como se todas as estrelas se apagassem».
In O Principezinho
Antoine de Saint-Exupéry
Para Ti.
posted by molin
1:30 da manhã
terça-feira, setembro 23, 2003
PORTO: Quatro pontos à maior sobre o Sporting, pelo menos cinco (oito, por agora) sobre o Benfica, eis a vantagem que os dragões já conseguiram em cinco jornadas apenas. E sem terem que se esforçar muito. O Porto ainda não atingiu o brilhantismo da época passada, mas a manter-se este registo, nem será preciso melhorar muito para que o campeonato volte a cair, direitinho, para as mãos de Mourinho. Como a Liga dos Campeões é bem mais exigente que a Taça UEFA, imagino que o Porto tente tirar proveito dessa aparente facilidade com que poderá revalidar o título para incidir as suas baterias na Europa. Mas ainda é cedo para confirmar este cenário: se daqui a um ou dois meses esta tendência azul se confirmar na SuperLiga, o aproximar do momento decisivo no grupo F da liga milionária poderá levar Mourinho a algumas opções de gestão internas.
Se é verdade que a tendência no campeonato é ainda mais portista do que era há precisamente um ano, não deixa de ser curioso observar que, frente ao Benfica, o Porto terá feito o seu pior jogo da era-Mourinho, se só olharmos para os embates entre grandes. Se nos recordarmos dos momentos-chave da época passada, entre Taça UEFA e campeonato, chegaremos à conclusão que nunca o Porto de Mourinho acusou tantas dificuldades de impor o seu jogo e mandar na partida como no passado domingo. Muito mérito do Benfica e ainda os efeitos de muito pouco Deco. O Porto não chegou ainda ao brilho, falta saber se ainda chegará a atingir, esta época, o fulgor da temporada passada. Sem brilho, mas trunfos suficientes para ser um Porto capaz de vencer qualquer partida: Derlei indomável, colectivo coeso, funções muito bem assumidas por cada um dos elementos desse colectivo. E, acima de tudo, o Porto parece estar a recolher os dividendos de ter recuperado esse coisa de difícil de definir que é... jogar «à Porto».
posted by André
2:01 da manhã
BENFICA: Tremendo, o que tem acontecido ao Benfica. Camacho pode ter uma pontinha de razão ao queixar-se de «mala suerte» mas quando o azar é explicação repetida para desaires, a coisa começa a soar estranha.
O Benfica vale, certamente, mais do que cinco pontos em quatro jogos (falta a deslocação a Coimbra), mas não adianta muito procurar justificações externas: falta estofo de campeão a este Benfica. Jogam bem do meio-campo para a frente, sem dúvida, e é igualmente verdade que só uma equipa com uma enorme qualidade futebolística seria capaz de fazer o que o Benfica fez na primeira meia-hora do clássico das Antas. Mas quem quer lutar pelo título não pode oferecer dois golos ao seu principal rival. Não pode, ponto final. Isso, sejamos claros, não é falta de sorte: é falta de estaleca. Ganha o campeonato quem cometer menos erros nos momentos decisivos. No espaço de uma semana, o Benfica somou quatro erros fatais sem ter sido especialmente ameaçado. A este ritmo, não há bom futebol que valha à águia.
posted by André
1:45 da manhã
Dois tons de um azul
Há dias de Verão em que só apetece estar deitado na areia, a sentir um calor que quase chega a ser humano de tão acolhedor que é. Dias que desejamos não ter fim pelo bem que sabe. Mas há uns que marcam mais do que outros e um dia virá em que só simples facto de andarmos de mão dada vai saber tão bem como ir para escola, de mochila às costas, também de mãos dadas com a colega de carteira, com quem gostariamos, de forma inocente, de ter mais do que uma simples amizade. Dias em que não precisamos de dizer nada para sentir a companhia um do outro, onde é tão agradável estar ao teu lado como a suave brisa que refresca o salitre agarrado à pele e que faz comichão quando os raios de sol apertam mais, na hora de intenso calor. E se há horas em que estamos bem esta é, sem dúvida, uma delas. Paramos um bocadinho a caminhada na direcção de um areal que não tem mais fim. Ponho-me junto às tuas costas, com os meus braços cruzados por cima dos teus ombros, e olhamos para o mar, que quase se confunde com o céu, não fossem os dois tons de azul fazer a diferença numa semelhança idêntica à nossa. Não somos o mesmo, mas parecemos um só. Segredo ao teu ouvido, com a ajuda do vento quente que vem do Sul, se sabes que gosto de ti. Fechas os olhos, respiras fundo a marezia que vem em salpicos das marés vivas típicas de Setembro e nem precisas de responder.
O sol está alto e longe de marcar o fim do dia. Quem dera que nunca acabasse e que fosse possível pará-lo, sem que as ondas deixassem de rebentar com a mesma força com que segura os ponteiros do tempo. Sinto-te arrepiada e passo as mãos nos teus braços. Inclinas a cabeça para trás, sobre o meu ombro, e confias o peso do teu corpo no meu. Deixo-nos cair lentamente na areia e já contigo no meu colo, passo a mão na tua face e olho para ti sem me cansar nunca.
E encosto-me a ti.
Há dias só nossos, que não existem para mais ninguém. Dias que guardas para te lembrares em tempos onde outras marés se levantam mais fortes e parecem arrastar tudo, batendo nos pontões que foste contruindo mas que tem dias que parecem não resistir. Sinto o teu coração a bater mais rápido. Sossega, meu anjo. O mundo não é de quem o domina mas sim que o ama. Quero e estou contigo.
You are my North, my South, my East, my West
My working week, my sunday rest
My noon, my midnight, my talk, my song
My love for whom I'll always belong.
Para Ti
posted by molin
1:18 da manhã
domingo, setembro 21, 2003
Teste do xixi pró copo
Quem disse que nós mandamos no nosso corpo? Sim, porque nestas coisas não funciona como um interruptor (antes fosse) e muito menos quando estamos com pressa para alguma coisa. Já tinha feito o meu trabalho em Moreira de Cónegos, quando passei pela saído do balneários onde estava o Sporting e vejo o Rochemback e o Quiroga às voltas no corredor aflitos, mas não assim tão aflitos como se possa julgar. Sinceramente fiquei preocupado porque o autocarro do Sporting já tinha partido e não havia razão aparente para os dois craques estarem a fazer horas extraordinárias, depois de não terem conseguido vencer o Moreirense. Mas a curiosidade acabou por ser saciada de imediato: os dois rapazes estavam a tentar ganhar vontade de fazer um xixizito para o copo, pois os seus nomes tinham saído na rifa para o teste de controlo anti-doping. Até aqui tudo bem, não fosse a vontade ter saído mais cedo ou, quase que até aposto, que o fizeram durante o banho - quando não precisavam - e quando foi necessário já estava tudo sequinho de bexiga.
«Eles que bebam água», deviam estar a dizer do outro lado do telemóvel de um funcionário do Sporting. «Já beberam não sei quantos litros e não faz efeito», respondeu o respectivo interlocutor. Só me deu vontade de rir porque nisto vejo os dois jogadores voltar a cruzar o corredor aos saltinhos, como que a obrigar a natureza a ir contra os seus princípios.
Era uma da manhã e o jogo acabou às 11 e pouco da noite. Duas horas para mijar, no mínimo, é uma coisa que não lembra nem ao diabo. Assim como também não lembra ao diabo eu estar a escrever isto às quatro da manhã. O que quer dizer que o controlo anti-doping está para Rochemback e Quiroga como o sono está para mim: dependentes de uma mijinha.
Isto signifca que, por mim, xixi e cama!
posted by molin
4:02 da manhã

|