sexta-feira, outubro 24, 2003

 
Uma praia sem fim

O nevoeiro ameaçava uma tarde que se queria perfeita. Longe estava eu de imaginar que o tempo pouco importava para a perfeição desejada. Mas como que por obra do acaso, ou talvez não, o denso banco de neblina, que até nem atrapalhava, começou a levantar-se e o horizonte, aquela linha que divide o azul escuro do mar do azul claro do céu, mostrava o esplendor de um final de tarde, onde o sol começava a esconder-se por trás das nuvens. As mesmas que viriam a dar chuva, como que a manifestar a tristeza do dia seguinte, num choro contínuo de quem aguentou uma noite inteira com o nó na garganta, por ter havido a necessidade de um simples "até já". Se o tempo fosse uma simples contagem de números, teríamos arranjado quem contasse todos os grãos de areia da praia até o relógio poder voltar a andar de novo. E não precisava de suspirar mais.
A praia, que parecia sem fim, com o areal alisado pelas marés vivas dos finais de Agosto, estava calma. Óptima para aqueles momentos que tanto falamos, de não dizer nada quando, nesses momentos, dizer alguma coisa, é falar demais. E os arrastões iam entrando na barra, cravados de gaivotas que lhes seguiam o percurso, sem pedir nada, pois o único som que se ouvia era o das pequenas ondas a encontrar a beira-mar, como que a trazer segredos de outros lados. E o sol, mesmo escondido, fazia sentir-se ainda melhor que nos dias de intenso calor. Não estava frio, mas estavamos juntos. É curioso como as coisas mais simples da vida ganham outro significado quando estou ao teu lado. Ou simplesmente a pensar em ti. E deixamo-nos estar. A ver o mar, intercalando com leve fechar de olhos para observarmos ainda mais longe, tão longe quanto possível estivesse o fim do dia.
Hoje percebo que o mais importante desses momentos são as recordações que ficam em nós. Os instantes que ficam gravados na memória, de imagens tão deliciosas como ver o mar por entre os teus cabelos, ou sentir o teu aroma que me chega arrastado pela suave briza que corre ligeira, mas que por ser tão meiga não levanta a mais leve das areias. Não dá vontade de vir embora. Desejo morar ali mesmo, para poder adormecer ao teu lado, com o sol a mergulhar na linha que agora divide um manto de cristais a brilhar de forma cintilante e um céu avermelhado, rasgado pela configuração disforme das nuvens mais cinzentas do que brancas. Nota-se que já não é Verão, mas também não queremos que nada fique enterrado na areia. Tudo o que ali se passou vem connosco, como a mais doce das lembranças que podíamos levar. Temos mesmo que ter um coração do tamanho do mundo para guardar tudo sobre nós e ir buscar sempre que as saudades apertam. Lembrar, com um sorriso que mais ninguém compreende, a beleza de estarmos juntos. Ao contrário do que aconteceu connosco, virar as costas ao mar não foi difícil pois, para ele, também foi um "até já". Voltamos aqui quando precisarmos de ir ao coração buscar o que nos deixaste de melhor. Agora passaste a ser nosso. A nossa praia sem fim, e o nosso oceano de beijos...

Para Ti
posted by molin 3:15 da manhã

quinta-feira, outubro 23, 2003

 
O teu sorriso

Dá-me um sorriso a brincar
Dá-me uma palavra a rir
Eu me tenho por feliz
Só de te ver e te ouvir

Fernando Pessoa

Para Ti
posted by molin 2:31 da manhã

terça-feira, outubro 21, 2003

 
Um simples dia

- como somos afortunados, tu e eu, que habitamos a eternidade; nós que, errantes, descemos de fragrantes montanhas de eterno presente

a gozar mistérios tão simples como o de um só dia

Adaptação de E. E. Cummings

Para Ti
posted by molin 1:49 da manhã

segunda-feira, outubro 20, 2003

 
The Look of Love

The look of love is in your eyes
The look your smile can't disguise
The look of love, its saying so much more
Than just words could ever say
And what my heart has heard
Well, it takes my breath away

I can hardly wait to hold you
Feel my arms around you
How long I have waited
Waited just to love you
Now that I have found you
Don't ever go
I love you so

Para Ti
posted by molin 5:54 da manhã