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é mesmo uma questão de associação. ligar o preto com o branco, bloquistas com a juventude popular, fc porto com benfica, vodafone com a tmn, e descobrir que elvis, afinal, está vivo e desfruta de um tê-dois na praia da vagueira. faça o favor de limpar os pés antes de entrar, que a empregada da limpeza saiu para o ministério das finanças.
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sexta-feira, novembro 28, 2003
Esclarecedor
O Sporting foi varrido da UEFA por uma equipa desconhecida, com um nome esquisito. Os leões perderam por 0-3 em casa e não foram capazes de gerir um bom resultado que trouxeram da Turquia.
Se o Sporting tivesse a pretensão de ser uma grande equipa, o que aconteceu seria um escândalo. Mas o presidente e o treinador falaram em «azar» e em «coisas que acontecem no futebol». Ficámos, por isso, esclarecidos. O Sporting tem a noção daquilo que vale.
posted by André
4:37 da tarde
Vera Fischer
Vera Fischer fez ontem 52 anos. Mas ninguém reparou.

posted by André
4:33 da tarde
quinta-feira, novembro 27, 2003
Clarice Lispector
«Estou sentindo uma clareza tão grande que me anula como pessoa atual e comum: é uma lucidez vazia, como explicar? assim como um cálculo matemático perfeito do qual, no entanto, não se precise. Estou por assim dizer vendo claramente o vazio. E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior que eu mesma, e não me alcanço. Além do que: que faço dessa lucidez? Sei também que esta minha lucidez pode-se tornar o inferno humano - já me aconteceu antes. Pois sei que - em termos de nossa diária e permanente acomodação resignada à irrealidade - essa clareza de realidade é um risco. Apagai, pois, minha flama, Deus, porque ela não me serve para viver os dias. Ajudai-me a de novo consistir dos modos possíveis. Eu consisto, eu consisto, amém»
«LUCIDEZ PERIGOSA», Clarice Lispector
Clarice Lispector é uma escritora a descobrir. Permanentemente. Foi ingnorada pela crítica durante décadas, pagando o preço de estar muitos anos adiantada em relação ao tempo que viveu. Escreveu romances que começam hoje a estar na lista das obras de referência da Literatura do século XX. Amarga ironia para quem quase não foi reconhecida em vida.
Nascida na Ucrânia, Clarice Lispector era judia e foi para o Brasil aos dois anos. Morreu na véspera de completar 57 anos, culminando uma vida intensa e encarada nos limites — como nos seus livros. A sua matriz cultural é brasileira, mas foi vagueando por sítios tão díspares como EUA, Suiça ou Inglaterra. Sempre livre e sempre atenta a um Mundo em ebulição, em plena II Grande Guerra Mundial.
Dona de uma visão nova e revolucionária para a sua época, pela abertura e pela originalidade, Lispector escrevia com a pele. «Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Que tem que ser vivido até à última gota. Sem nenhum medo. Não mata».
«Perto do Coração Selvagem», a sua primeira obra publicada, constituiu uma autêntica revolução na forma de escrever ficção. A estrutura narrativa inaugurada por Clarice Lispector é hoje seguida por vários autores. Na altura, foi desprezada e ridicularizada.
Mas o tempo deu-lhe razão. Os primeiros a ver em Lispector uma novidade extraordinária chegaram a compará-la a James Joyce e Virginia Wolf (no seu livro «O Lustre», a personagem feminina chama-se mesmo... Viriginia). Houve quem a enquadrasse no movimento feminista. Mas essas comparações não fazem muito sentido. Clarice é única, porque fazia da sua singularidade e da sua independência as suas maiores exigências.
Se «Perto do Coração Selvagem» ditou a novidade, «A Paixão segundo G.H.» (as iniciais de Género Humano...) será a sua obra-prima. Mas há muitos outros títulos que fizeram dela uma escritora diferente de tudo o que já se possa ter conhecido: «A Hora da Estrela», «A Cidade Sitiada», «Quase de Verdade», «A Vida Íntima de Laura», «Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres», «A Imitação da Rosa», «Água Viva», «Para não esquecer», «A Bela e a Fera», «Um Sopro de Vida», tantos outros, para além de crónica escritas com um estilo simplesmente inimitável.
Escreveu com a ferocidade com que encarava o Mundo: de forma crua, sem linhas de fronteira.
«Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo».
posted by André
8:09 da tarde
São Sebastião
Michelangelo Merisi da Caravaggio
Soldado de Roma, nascido em Milão, converteu soldados, prisioneiros e o próprio governador de Roma, Tibúrcio, e seu filho, mais tarde martirizados.
Amigo do imperador Diocleciano, Sebastião aproveitou a sua influência para interceder pelos cristãos.
Certo dia, no entanto, o santo foi chamado à presença de Diocleciano que se queixou de ter confiado nele e haver sido traído.
Sebastião foi condenado sem apelação. Segundo reza a lenda, foi amarrado a um tronco e morto a "flechadas" pelos seus próprios companheiros.
posted by molin
1:48 da manhã
quarta-feira, novembro 26, 2003
Monólogo no MSN
Querem só ver a que uma pessoa está sujeita? Este caso é verídico, por muito que custe a acreditar. É verdade. É isto que faz pensar que ELVIS-ESTA-VIVO.
Figas diz:
ausenteS?
Figas diz:
alô!
Figas diz:
ó de casa...
Figas diz:
ICE...vai chamar a dona
Figas diz:
ai a dona já não mora aí.
Figas diz:
A dona mora COMIGO, no meu coração
Figas diz:
Ok, ICE... vai chamar a mãe da dona, ou a irmã da dona
Figas diz:
vai....
Figas diz:
tás à espera de quê?
Figas diz:
sim, sim...tu conheces-me
Figas diz:
eu sei, estive aí no dia 10 de Novembro, lembras-te?
Figas diz:
Bem, Ice, diz às míudas aí da casa que o ovo mole esteve aqui. Uma lambidela carinhosa para as duas! Auf, auf! Xau pra ti míudo! Porta-te bem e guarda-as bem.
posted by molin
12:45 da manhã
domingo, novembro 23, 2003
Salvei uma ou algumas vidas?
...Ou nem uma coisa nem outra? Há cerca de duas semanas, fazia o meu habitual trajecto de regresso a Aveiro, já passava das nova da noite, quando, depois de atravessar a ponte da Arrábida, no sentido Porto-Gaia, vejo um homem a caminha em direcção contrária, juntos aos sepradores centrais, que naquela zona ainda são metálicos e com aqueles arbustos a separar uma via da outra. Fiquei com o ritmo cardíaco acelerado, porque, primeiro, é muito estranha a forma como o homem conseguiu atravessar a auto-estrada e ir parar ao rail central, pois de qualquer ponto de onde ele possa ter surgido, teria sempre que ter atravessado três faixas, as que compõem cada via. Ainda que de relance, o aspecto não me pareceu nada abonatório ao indivíduo e ainda percorri uns bons metros a pensar no que poderia estar a fazer aquele homem, naquele lugar, e naquela hora - já noite cerrada e sem grande visibilidade, num local onde os carros passam, no mínimo, a 120 km/h.
E, para ser sincero, pensei em tudo. Primeiro: o tipo vai-se suicidar e vai-se atirar da ponte da Arrábida, se é que não vai ser atropelado antes de atravessar para um dos passeios laterais da ponte (que é outra coisa curiosa: a ponte é uma via rápida, à partida sem acesso a peões, mas tem uns passeios todos catitas, bastante largos até, para se apreciar a paisagem da foz do Douro ou, do outro lado, a curva para a direita e depois para esquerda, com as Caves do Vinho do Porto, do lado de Gaia, como pano de fundo. Ou, bem lá no alto, o Palácio de Cristal, que ainda hoje me recuso a considerá-lo como Pavilhão Rosa Mota).
E ao pensar na hipótese de suicidio e na sua tentativa de atravessar uma das faixas para a lateral, imaginei que colocasse em perigo qualquer pessoa que, na sua boa fé e longe de imginar um peão a atravessar a ponte da Arrábida, tentasse evitar o choque e ainda provocasse um acidente maior.
E fui continuando, pensando cá para os meus botões, que se ignorasse o assunto - talvez o homem fosse completamente maluco para estar estar onde estava e às horas a que eram - ninguém se iria magoar. Mas foi nesse momento que me considerei demasiado egoísta. E se, facto, um homem provocar um enorme acidente? E se houver muitos feridos e até, quem sabe, mortos? E se eu chegar a Aveiro e olhar para a SIC Notícias e ver o espalhafato que houve na ponte da Arrábida por motivos que ainda não tinham sido possíveis apurar? É por esta tipo de desprezo, que muitas vezes temos, pelas coisas mais simples, que o mundo está como está. Ok, é fácil pensar que não temos nada a ver com o assunto, até porque o homem seguia ordeiramente junto do separardor central e estupidez da minha imaginação pensar que alguma coisa de mal pode acontecer. nada de mais errado. Além disso, sempre se ouve dizer que mais vale previnir do que remediar e foi quando estava a pensar em prevenção, que vejo um jipe da Brigada de Trânsito da GNR parado com os quatros piscas, no outro sentido, ogo a seguir à saída da IC1, quem vem de Espinho, que fica uns dois quilómetros à frente da ponte da Arrábida.
Pensei: "Estão perto, podem lá dar um pulinho, num instante, e o 112 é o ideal, mesmo do telemóvel". Demoraram a atender (uns 30 segundos), depois a centtral ainda passou ao comando da GNR no Porto e só aí pude dizer, pela segunda vez, o que tinha visto. Agradeceram e desligaram. Não pensei mais nisso durante toda a viagem, até porque parei na Shell de Gaia para meter gasóleo. Mas quando cheguei a casa lembrei-me e liguei a SIC Notícias. Nada, claro.
À noite, quando me fui deitar, uma das coisas em que pensei foi no homem. "O que faria ele ali? Não saberá que é proibido andar a pé em auto-estradas? Estaria bebâdo? Não me parecia... Estaria deprimido? Queria mesmo suicidar-se? Independentemente do que possa ter acontecido, pelo menos não morreu ninguém. Terei salvo uma vida (a do homem) ou algumas vidas (de um acidente mais grave)? Ou nem uma coisa nem outra? Saber, ao certo, não sei. Mas uma coisa eu salvei: a minha consciência. Mesmo que o homem tenho ido parar, ainda que por uma noite, à cadeia, por ter colocado em perigo outras vidas. Eu não me assustei com ele a pé, mas outros podiam ter-se assustado...
Enfim, é o mundo que temos
posted by molin
10:25 da tarde
Ana Teresa Pereira
"Quantas máscaras encontramos durante o dia?" dizia a voz. As cadências eram impregnadas de pesar e espanto, mas não sem uma pontinha de agrado. "Quantas caras banais com dois olhos, nariz e boca? O homem do autocarro, o caixeiro por detrás do balcão, todos têm o seu segredo. E alguns há, cujo segredo não é inocente. Mas têm de usar a máscara até morrerem. Eu chamo-lhes: os Insuspeitos."
"Conheço esse homem." Assim falava Luther Grandison. "Sim, conheço um homem que cometeu o mais grave e interessante de todos os crimes, o de morte, e de quem ninguém suspeitou. Há anos que usa a máscara, que vive normalmente entre nós (...)
A casa de Grandy era isolada, ficava no extremo norte da pequena cidade, numa rua que era quase uma estrada de aldeia. Luther Grandison, antigo director de teatro e de cinema, coleccionador de arte, continuava a fazer o seu programa de rádio, no qual contava histórias de crimes. Grandy vivia com duas sobrinhas: Althea, loura e muito bonita, que não tinha um vintém, e Mathilda, morena, de pernas compridas, herdeira de uma grande fortuna, e
que ele desde sempre chamara de "patinho feio". Mathilda partiu para as Bermudas, o navio afundou-se e todos pensam que ela se afogou. Entretanto, a secretária de Grandy, Rosaleen, aparece morta no estúdio dele. Mathilda
afinal está viva, e ao regressar encontra à sua espera um homem de quem não se lembra, que afirma ter casado com ela poucos dias antes da viagem, e que vive também na casa de Grandison. Sabemos desde o princípio que Francis não é de facto marido de Tyl, é amigo de infância e noivo de Rosaleen; usou aquele estratagema para introduzir-se na casa e provar que ela não se suicidou, foi assassinada por Grandison. Mas Tyl não sabe de nada e encontra-se dividida entre Grandy, que ama desde criança, que a modelou com a sua voz persuasiva e quente, com as suas palavras, e Francis, que diz estar apaixonado por ela, que a acha bonita e não um "patinho feio", e tenta convencê-la de que Grandy, o insuspeito, é capaz de matar para ficar com a sua fortuna. Um dia Francis desaparece e ela segue a sua pista até a cave onde foi feito prisioneiro. E estamos em pleno conto de fadas, em breve a princesa terá de escolher entre o pai, monstro (Grandy), e o príncipe, cavaleiro (Francis).
O livro chama-se "O Insuspeito" (Vampiro nr. 66), foi escrito por Charlotte Armstrong em 1946 e adaptado ao cinema por Michael Curtiz em 1947. Para quem o conhece desde criança (a casa rodeada de jardins; a cozinha onde Grandy prepara as refeições, com um barrete de cozinheiro, feliz no meio dos tachos, das abóboras e das cebolas, e Althea faz pão com maçãs assadas e canela; o quarto de Tyl e as suas conversas com Grandy pela noite dentro; o jardim onde Francis se encontra com Jane; Tyl seguindo o rasto dos
chocolates nas ruas calmas com casas no fundo de jardins; a cena na lixeira, quando Grandy chama por Tyl com a sua voz débil e Francis está amarrado dentro de uma mala, no meio do lixo, quase a ser atirado para a incineradora) o filme sabe a pouco. Mas Claude Rains é excelente como Grandy e o momento em que, depois de dar a Tyl o copo com o veneno, ele diz "I've never been closer to you" é inesquecível.
Adolfo Bioy Casares disse numa entrevista que há grandes livros que ficam esquecidos por serem policiais. Uma sugestão de leitura para as férias: números antigos da Vampiro, a colecção Xis (que publicou de Charlotte
Armstrong "A sombra do passado" e "Veneno"). Alguns desses romances fazem pensar numa frase de Bataille que Fernando Savater usa como epígrafe num dos seus livros: "A literatura é a infância finalmente recuperada".
«A Sombra do Passado», Ana Teresa Pereira

posted by André
10:20 da tarde
Uma Nicole destas...
Vejo «Culpa Humana» e tiro todas as dúvidas: Nicole Kidman não é apenas uma actriz. É a actriz do momento. Quem faz «Eyes Wide Shut», «Moulin Rouge», «Os Outros», «Dogville» e este «Culpa Humana» em tão pouco tempo (e com interpretações tão diversas) só pode ser uma actriz de excepção.
Sim: aqueles olhos ajudam. A altura também. E o sorriso também. OK, OK, e aquela pele branca e o cabelo não-se-sabe-bem-se-louro-se-ruivo. Leio num site americano: «Too much Nicole Kidman ?». Que pergunta. Uma mulher destas nunca é demais.
posted by André
10:12 da tarde
Elis & Ela...
Há uns dias comprei o CD da Maria Rita, a tal que é filha da Elis Regina e tem sido endeusada pela crítica brasileira.
Se Elis ficou raínha, Maria Rita é mesmo a princesa. Herdou um timbre de voz único, que durante anos teve várias imitadoras, mas nenhuma sucessora digna. Maria Rita é, como escreveu Artur Dapieve, excepcional. Além de uma voz de sonho, tem uma certa mística que a mãe tão bem sabia mostrar.
São iguais? Não, claro que não. Maria Rita ainda só gravou um disco, Elis deixou-nos dezenas e dezenas de testemunhos eternos. Mas a rapariga tem tudo para ser uma das melhores do seu tempo. A mãe foi a melhor.

posted by André
10:09 da tarde
Suzanne Vega
«Even if I am in love with you
All this to say, what's it to you?
Observe the blood, the rose tattoo
Of the fingerprints on me from you
Other evidence has shown
That you and I are still alone
We skirt around the danger zone
And don't talk about it later
Marlene watches from the wall
Her mocking smile says it all
As the records the rise and fall
Of every soldier passing
But the only soldier now is me
I'm fighting things I cannot see
I think it's called my destiny
That I am changing
Marlene on the wall...
I walk to your house in the afternoon
By the butcher shot with the sawdust strewn
"Don't give away the goods too soon"
Is waht she might have told me
Marlene watches from the wall
Her mocking smile says it all
As the records the rise and fall
Of every man who's been here
But the only one here now is me
I'm fighting things I cannot see
I think it's called my destiny
That I am changing
Marlene on the wall...»
«Marlene on the Wall», Suzanne Vega

posted by André
10:03 da tarde

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