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sexta-feira, janeiro 23, 2004

 
Uma gemada com bagaço para curar esta unha encravada, s.f.f.

A galinha ainda hoje está para saber como é possível gostarem, os humanos, tanto do que lhes sai pela porta das traseiras. Duro, com casca e tudo e ainda por cima com uma coisa amarela protegida por uma mistela peganhenta lá dentro. Mas isso é uma dilema que as galinhas de Aveiro não conhecem. Familiarizadas com os ovos moles, as galinhas salineiras sabem e reconhecem que o produto final é uma obra de arte. Por isso, nunca lhe passou pela ideia uma fuga e dedicaram-se ao comércio de import/export, já desde os tempos em que o velho Cristovão Colombo meteu na cabeça que seria possível colocar um ovo de pé numa mesa (a ideia de ir às Índias pelo Ocidente veio depois). É que, reza a história, meus amigos, Portugal só não aceitou financiar a viagem do destemido e ousado navegador italiano porque o Santander estava a fazer uma taxa de juro melhor e porque, imagine-se, o nosso monarca estava com uma unha encravada na altura que o "Colón" estava de entrevista marcada com o regente luso.

Furioso, claro, com vincado temperamento de italiano, ali dos lados do bairro de Génova, "Cristóbal" vira-se para a patroa, na altura ambos a ocupar um T0 na baixa que viria a ser pombalina, na fase do pré-achincalhamento da terra, e afirma a cuspir labaredas pela boca meia desdentada: «Porca miseria. Estes tugas são mesmo toscos. 'Tou-lhes a dar a hipótese de poupar umas coroas ao desbravar uma auto-estrada própria em direcção ao Oriente, para os gajos não pagarem portagem aos mouros cada vez que usam a rota africana e eles dizem que não lhes cheira Brisa nenhuma por esses lados. É mais longe, é certo, mas mais quilómetros significam mais concessões de estrada. Ah, se a Ferreira Leite já fosse viva...», suspirou o navegador. «Ela sim, teria ouvidos para mim, nem que estivesse com as unhas dos pés e das mãos todas encravadas na porta de algum táxi! Mas não te preocupes porque é mesmo desses lados que, um dia, há-de vir um gajo tão mau, mas tão mau que vai ser seleccionador destes patêgos e há-de prometer conquistar um Campeonato Europeu. E eles vão engolir a tanga... ». E riram-se os dois a bandeiras despregadas que, por estarem mesmo mal pregadas, acabaram por lhes cair em cima da pinha.
NOTA DO AUTOR: tomem lá para não se rirem de nós!

«Oh Cris...», ripostou a mulher, «vamos até Torre del Mar passar uma temporada. Lá há uns fulanos porreiros, influentes, que te podem ajudar a convencer o Principezinho aqui do lado de que é possível lá chegar através das estrelas!». Colón nem hesitou. Traçou a mulher que jurou ser sua até ao fim da vida, inclinou-a sobre o seu braço direito, e numa cena à Cary Grant, espetou-lhe semelhante beijo na boca que o momento seguinte serviu para gerar o primeiro filho do casal.

E lá partiu o par Colón, rumo ao Sul de Castela, mas por terra e numa autocaravana puxada por dois cavalos, que por sua vez arrastava um burro. Sim, porque não sei se sabem mas o Colombo enjoava como um porco no mar alto. Está escrito nas crónicas do Fernão Mentes? Minto!

Por coincidência, e para abreviar a história, o monarca vizinho encontrava-se em pleno gozo da sua época balnear no exacto local. O encontro foi combinado através da rede da mafia italiana (o Colombo ficou a dever uma à Cosa Destra) e o pobre homem pôde explicar as suas ideias. E fixas que elas eram. Não é que, primeiro, foi perder tempo em explicar que conseguia pôr um ovo em pé numa tábua rasa de mesa? «Oh homem, deixa-se lá dessas macaquices de circo e diga lá o que quer deste reino indivisível, desde o País Basco até à Catalunha!».

Pois bem, enquanto a clara escorria da base do ovo partido, mas seguro, de pé, tal como o genovês dizia, Colón foi explicando o seu plano mirabolante. O rei, catedrático na mesma universidade que Mário Soares, adormeceu durante a explicação, acordando mesmo no fim da apresentação. «Ok, é isso? Muito bem. Escrivão: pede ao Don Corte Inglês que abra outro centro comercial na província de Portugal, pois indirectamente vão ser os nossos amigos tugas que vão pagar a expedição deste lunático. O que é que eu ganho com isso?», questionou o rei a Colón. «Olhe, fica com metade do continente a falar o castelhano». «Só? Cubra, cubra isso». «Ok, Cuba também pode ficar». «Fixe pá, assim já sei de onde virá o meu tabaco. Oh escrivão, dá-lhe aqueles charutos daqueles barcos que temos ali ancorados, que eram para abate». O navegador exultou de alegria. «Isso Majestade, trarei os melhores charutos que alguma vez já provou». «Este gajo é um espectáculo. Leva-me os charutos dos barcos e ainda mos trás melhores do que aquilo que vão! Escrivão: Aproveita a gema desse ovo rachado e manda para Portugal, para curar a unha encravada do meu congénere tuga. Manda-lhe fazer uma gemada com bagaço que isso é flecha e queda!»
NOTA DO AUTOR: para não cair em anacronismos, substituiu-se a expressão "tiro e queda" por uma mais contemporânea.

O que não se sabe é que no caminho de Colón para as Índias, pelo Ocidente, estava Pedro Álvares Cabral, o que provocou uma verdadeira batalha naval, em alto mar, entre as duas marinhas ibéricas. Espanha perdeu um de um, três de dois, um de quatro e levou três tiros no porta-aviões. Portugal só ficou com um de um a navegar e a remos (velas à vida!). Mesmo assim, e de bússolas às avessas, Colón seguiu na direcção das Caraíbas e Cabral na direcção do Brasil. Sortes diferentes, pois se Colón foi alvo de voodoo e andou a cuspir ovos durante dez anos, Cabral escreveu uma carta ao monarca a dizer que a cura para a sua unha encravada estava numa festa pagã que aquelas gentes costumam fazer por todo o mês de Fevereiro. «Um Carnaval pegado», escreveu o navegador luso. «'Cê tem ki vê pá crê, reizinho», acrescentou.

As informações que chegaram dos dois viajantes aos seus respectivos responsáveis régios fizeram com que os assessores marcassem na agenda uma cimeira ibérica, com tortilha de Tordesilhas na ementa. As conclusões desse encontro é o mundo como hoje o conhecemos: Portugal com Comissões Inter-partidárias para discutir a ausência da mais pequena tampa de saneamento que falta na rua da Azinheira de Baixo de Vila Pouca de Qualquer Coisa.

Resumindo e concluindo: o que nos salva mesmo são as galinhas de Aveiro!



segunda-feira, janeiro 19, 2004

 
Bodas de Diamante (parte 2)



Sempre ouvi dizer que quem nasceu para 10 nunca chega a 20. Pois bem, há um marinheiro muito famoso por esse mundo fora que é o paradigma do inverso. É que a estreia de Popeye no mundo dos comics foi como personagem secundária numa pequena tira de Elzie Segar, "Thimble Theatre", adivinhem lá, que retratava a vida da família da Olívia Palito. O certo é que o público parece ter engraçado com a figura de braços disformes - com uma âncora tatuada no esquerdo -, a fumegar pelo cachimbo quando algo lhe corria mal, careca e perfeitamente horrível (o mais engraçado é que encontrei um site que afirma que todas as personagens do Popeye são baseadas em pessoas que existiram mesmo).

As cartas foram tantas a pedir mais a sua aparição em cena, que o simpático marinheiro ganhou o seu estrelato num abrir e fechar de olhos. E como cada herói tem o seu vilão, surge, então, Brutus com a Miss Palito no centro da disputa machista pela mesma trinca-espinhas. Foi o famoso cartoonista Max Fleisher que tratou de lhe dar vida no cinema, com o mesmo sucesso com que conseguiu levar Betty Boop a ser a diva dos desenhos animados nos anos 20. Aliás, o marinheiro chegou mesmo a "contracenar" com a menina do gritinho Boop-Oop-a-doop, inspirada na actriz modelo da segunda década do século XX, Helen Kate.



Mas eis que ganha vida própria e chego mesmo a ser a personagem de desenho animado mais famosa de todo continente americano, destronando o carinhoso Rato Mickey.



A hist?ria dos espinafres é ainda mais curiosa.
Na altura da grande depressão norte-americana, os produtores dos execráveis legumes verdes (só se aproveita a maravilhosa cor!) aproveitam a colagem ao Popeye e fazem a fonte da sua inesgotável força surgir das milagrosas latas de espinafres - na altura em muito voga - ou, quando a situação assim se proporcionava, era directamente da terra, onde ainda estavam plantados, engolindo-os mesmo pelo cachimbo.

O aumento no consumo (33%) foi de tal forma entusiasmante que a população de Crystal City, no Texas, a capital mundial dos espinafres (dizem eles lá nos states), resolveu erguer uma estátua em homenagem ao velho marinheiro pelo que fez pelas suas culturas.



Ao Popeye, que fez ontem (dia 17) 75 anos que apareceu pela primeira vez, os meus sinceros parabéns. Não é uma grande referência, para mim, em termos de desenhos animados (não passava no programa do Vasco Granja!), mas serve para reconhecer que, pelo menos, colocou os putos americanos a comer espinafres à fartazana. Mas como não há bela sem senão, outra das personagens - se bem se lembram - era o Wimpy, o maior comilão de hamburgers de todos os tempos! Mas em relação a essa personagem, o MacDonald's que agradeça e que lhe façam eles uma estátua! Mas tem de ser barrigudinho!

 
Bodas de diamante (Parte 1)





Assim começou tudo há cerca de 75 anos.
O repórter mais famoso do mundo festejou os seus 75 anos mas não se nota um único cabelo branco, fruto da vida de aventuras que levou e que deliciou, não meio, mas sim o mundo inteiro. Traduzido para 58 línguas (diferenciando o brasileiro do português, é bom que se note...), a dimensão planetária deste jovem jornalista aventureiro nem sequer é regateada. Mesmo tendo o seu "pai" sido acusado de ter colaborado com o regime nazi na II Guerra Mundial, a fama deste herói nunca ficou manchada.

Aliás, curiosidade ou não, mas a primeira vez que fui ao cinema, no velho Teatro Avenida, em Aveiro, vantajosamente transformado há uns anos em Bingo, foi para ver, em perfeito estado de histeria, a versão cinematrográfica do best-seller "Templo do Sol", ainda falado em francês e apena legendado. Lembro-me de ter seguido com alguma dificuldade as letras que passavam no fim da tela, mas verdadeiramente deliciado com os mesmos desenhos de sempre.

Os livros que mais me marcaram foram, para além de o "Templo do Sol", o "Lótus Azul", "As 7 Bolas de Cristal", "O Ídolo Roubado", "O Segredo de Licorne" e, o último que li, "Voo 714 para Sidney". Curiosamente nunca li o primeiro: "Tintim na Terra dos Sovietes"

Fica aqui a minha pequena homenagem ao meu companheiro de profissão e ao seu autor. Que excelentes histórias teria Hergé para contar, através das suas personagens, se ainda fosse vivo.





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