HOME
ARCHIVES
é mesmo uma questão de associação. ligar o preto com o branco, bloquistas com a juventude popular, fc porto com benfica, vodafone com a tmn, e descobrir que elvis, afinal, está vivo e desfruta de um tê-dois na praia da vagueira. faça o favor de limpar os pés antes de entrar, que a empregada da limpeza saiu para o ministério das finanças.
livro amarelo: molin@aeiou.pt - aceitam-se insultos
Blogs diários RECOMENDADOS
Eduardo
Fata Morgana
GreenShadow
Thita
Titas
Vodka7
|
|
quarta-feira, março 10, 2004
À minha Maria
Fazia um sol tão forte, minha filha, no dia em que nasceste que nem parecia que o Inverno ainda não tinha desaparecido. Era a Primavera a anunciar a sua chegada e escolheu logo o dia do teu nascimento para fazer brilhar a maior estrela do sistema solar, de forma a lembrar que estaria para chegar uma estrela para mim. Só para mim. Estava tão nervoso que até parecia a primeira vez que ia ser pai. Um simples corte de barriga estava a demorar tanto, mas no meio da minha preocupação surge a irmã com um pano azul clarinho no colo, feito num embrulho, na minha direcção.
Então irmã, correu bem?
Claro, meu filho. Está aqui comigo.
A minha filha está aí no meio?
Então não vez que acabou de sair da barriga da mãe? Não podia vir destapada!
E carrega no botão para chamar o elevador. Engoli em seco só de pensar que estavas, eventualmente, a sufocar, pois não te via ponta de pele, quanto mais o narizito de fora para poderes respirar. Fiquei aterrado quando a irmã grita para a caixa do elevador, aberta e apenas coberta por uma daqueles redes antigas que circundavam o ascensor:
Alguém liberte o elevador, gritou a religiosa, que me fez soltar a voz de goelas bem abertas:
OLHÓ O ELEVADOOOORRRR
A senhora, de sessenta e poucos anos, até abriu os olhos e tentou acalmar-me da pior maneira:
Quer assustar já a menina logo nos seus primeiros minutos de vida?
A viagem até ao terceiro andar da Ordem do Carmo pareceu que demorou uma eterninidade. Coitado do elevador, mais velho, com certeza, que a própria irmã foi tão esconjurado por mim nesse momento que já deve ter avariado, no mínimo, tantas vezes quantos os minutos que demorou a chegar até nós e nos transportou até à sala de contas, pesos e medidas. Só aí, percebi que ela tinha apenas, mesmo, uns escassos minutos de vida pois ainda nem a tinham pesado, medido e limpo a placenta da melhor maneira. A irmã pousou o embrulho em cima de um colchão forrado a tecido impermeável, mesmo por baixo de uma forte luz que aquecia tudo o que esteve debaixo do foco, e disse-me:
Lave as mãos em água bem quente com aquele gel e faça já alguma coisa por ela. Comece a limpá-la com o algodão e o óleo de amendôas doces para depois ajudar-me a medi-la e a pesá-la.
Estávamos só os três na sala e havia um silêncio maravilhoso, que foi logo quebrado pelo meu comentário e rápida resposta da irmã, logo depois de te ter desembrulhado e olhado para ti pela primeira vez:
Esta é a minha filha? Que feiinha...pelo menos não é tão bonita como a irmã quando nasceu.
Não seja parvo homem. Tem aí uma menina linda. Que raio de comentário... Ainda lhe vai dar muito que fazer com os homens
Desculpa, minha querida. Mas foi mesmo o que eu senti. Hoje vejo que foi só naquele momento. Uma lagartinha que se transformou numa borboleta de feições inesquecíveis, uma criança adorável e que será uma mulher linda, a chamar-me papá cada vez que te diriges a mim.
És a mais nova, mas já tens um espírito dominador. Mandona. Gostas de mostrar que tens génio, mas tens o inverso: és meiguinha e gostas tanto de beijinhos que até pões a tua cara junto da minha boca. Faz quatro anos, Maria, mas guardo uma imagem de ti com apenas um ano, bolachuda, de cabelo muito curtinho, vê-se que ainda está por nascer a saltar na cama, com as mãos agarrada às grades da cama, a ouvir a música Maria, Maria, do Santana, enquanto a tua irmã canta no seu inglês inventado.
Dás cor à minha vida, Maria. És como o prisma de Newton: pode até ser um simples raio de luz branca que entra em ti, mas é, de certeza, um feixe de arco-íris que sai de ti. És uma das pontas do tridente feminino da minha vida. És a minha Maria.
posted by molin
1:38 da manhã
terça-feira, março 09, 2004
Não-tecido de lã
Sinceramente estou espantado com os neologismos que vão aparecendo na língua portuguesa. Não é que estejam errados, mas com o evoluir da ciência e da tecnologia, a língua também tem necessidade de evoluir, ou não tivesse esta uma propriedade dinâmica, por vezes até amior do que aquela que os especialistas mais queriam. O que até acaba por ser bom, uma vez que que um dicionário que demore 20 anos a fazer, por mais completo que seja, tem sempre necessidade de se actualizar a partir do momento que sai para as livrarias, pronto para consumo imediato, melhor dizendo prêt-á-porter, ou pronto a vestir para não ser acusado de galicismos desnecessários.
E é precisamente de vestuário que quero falar, também para não esar sempre a cair no fácil artigo do bota-abaixo.
Os investigadores da Univerdidade de Leeds, mais propriamente em Yorkshire, na Inglaterra, e capital mundial da Revolução Industrial, desenvolveram um novo não-tecido de lã (perdoem-me mas nunca tinha ouvido falar em não-tecidos de lã) produzido directamente das fibras, que dispensa a fiação e a tecelagem (sendo o processo de fabricação mais rápido) e cujo entrelace das fibras origina um tecido mecanicamente estruturado e bem consolidado. De tal forma que a fibra de lã é tão resistente e elástica que se pode dobrar até 30.000 vezes sem correr o risco de se romper ou danificar. Como permite a passagem de vapor, repele os líquidos e regula o calor, resultado ideal para artigos desportivos. Nenhuma fibra sintética reúne todas estas propriedades, garantem os seus responsáveis.
Pois eu pergunto: foi para isto que se clonou a Doly? É que se foi, acho muito bem pois preciso de um casaco para a mota que não deixe, de facto, passar a chuva. Que seque em milésimos de segundo e que se ajuste ao corpo como uma luva, tal como o blusão do McFly no filme "Regresso ao Futuro - Parte II". E ainda deixo outra pergunta no ar: continuará esta lã a ser virgem? Pura duvido, mas a virgindade das fibras é uma coisa que deve ser levada a sério...
posted by molin
5:08 da manhã

|